Título Original: The Film Club
Título Brasileiro: O Clube do Filme
Autor(a): David Gilmour
Ano: 2009
Editora: Intríseca
Páginas: 239
Sinopse: Eram tempos difíceis para David Gilmour: sem trabalho fixo, com o dinheiro curto e o filho de 15 anos colecionando reprovações em todas as matérias do ensino médio. Diante da desorientação e da infelicidade desse filho-problema, o pai faz uma oferta fora dos padrões: o garoto poderia sair da escola – e ficar sem trabalhar e sem pagar aluguel – desde que assistisse semanalmente a três filmes escolhidos pelo pai. Com essa aposta diferente na recuperação e na formação de um rapaz que está “perdido”, formaram o clube do filme. Semana a semana, lado a lado, pai e filho viam e discutiam o melhor (e, ocasionalmente, o pior) do cinema: de A Doce Vida (o clássico de Federico Fellini) a Instinto Selvagem (o thriller sensual estrelado por Sharon Stone); de Os Reis do Iê, Iê, Iê (hit cinematográfico da Beatlemania) a O Iluminado (interpretação primorosa de Jack Nicholson, dirigido por Stanley Kubrick); de O Poderoso Chefão (um dos integrantes das listas de “melhores filmes de todos os tempos”) a Amores Expressos (cult romântico e contemporâneo do chinês Wong Kar-Way).
Essas sessões os mantinham em constante diálogo – sobre mulheres, música, dor de cotovelo, trabalho, drogas, amor, amizade -, e abriam as portas para o universo interior do adolescente, num momento em que os pais geralmente as encontram fechadas.
O Clube do Filme foi outra indicação da minha tia, a mesma que me indicou Marina, e mais uma vez ela acertou ao me emprestar o livro. Ele me surpreendeu, não apenas pela história – real – mas também pela narrativa.
Quando o filho de David Gilmour, Jesse, passava por uma fase complicada (junto, aliás, com o pai que estava sem emprego regular), cheio de desanimo e fracasso e relação não muito boa com a família, David, por um impulso do momento, faz uma oferta irrecusável ao filho: este poderia largar a escola, mas deveria assistir a, pelo menos, três filmes por semana com ele. Assim surge o Clube do Filme, um evento regular entre os dois.
“Eu também soube, no mesmo instante, que perderia Jesse no meio daquilo tudo, que um dia ele ia se levantar e responder: ‘Quer saber onde estão minhas anotações? Eu vou lhe dizer onde elas estão. Eu as enfiei no rabo. E se você não parar de encher meu saco, vou enfia-las no seu também.’ E, então, ele iria embora batendo a porta, bam, seria o fim.”
As relações pai/filho e filho/mundo são mediadas através dos filmes assistidos, sempre escolhidos pelo pai, abrindo espaço para conversas, seja sobre os filmes ou a vida. Jesse começa a se abrir, sutilmente para o pai, expondo seus medos e angústias, que sempre o aconselha e usa filmes e suas cenas como exemplos. Logo, a relação dos dois, antes estranha, começa a tomar forma e evoluir para camaradagem.
A narrativa é saudosa e nostálgica, quase melancólica. Vemos o quanto importante o Clube foi para David, também. Aproximar-se tanto do filho e vê-lo amadurecer e tomar suas decisões, ao mesmo tempo em que lhe era doloroso vê-lo ficar independente, também o orgulhava por isso.
Os filmes que ambos assistem são comentados por David, que ressalta uma ou outra cena e fatos interessantes sobre as filmagens ou equipe. Ele fala com tanta paixão que dá vontade de ir para uma locadora e alugar os filmes só para ver. Porém, não espere ver filmes novos, muito menos nomes muito conhecidos e comerciais. A maioria dos filmes é de antes dos anos 90 (apenas um é do século xxi), mas não deixam de ser menos interessantes. Clássicos, como os filmes Hitchcock, Clint Estwood e Audrey Hepburn.
“Mas eu estava errado, mais uma vez, como frequentemente acontece com relação a filhos. Você acha que os conhece melhor do que ninguém, depois de tantos anos perto deles, (…). Mas não os conhece. No final eles sempre mostram alguma coisa escondida na manga, que a gente nem sequer imaginava existir.”
Não sei bem ao certo como explicar como me senti ao terminar de ler. A fragilidade e sensibilidade de Jesse é tocante e a ânsia do pai em ajuda-lo apesar dos pesares é linda. Ver cada um e a relação evoluir é muito interessante, ainda mais que as melhoras começaram a vir com a aproximação dos dois através do Clube.
O Clube do Filme explora a relação de pais e filhos, o como é vê-los crescer e sair de casa, as brigas, as partilhas, conselhos. Como é ver quem amamos sofrer e também vencer. A leitura é uma descoberta.
A diagramação do livro é simples, nenhum erro de gramática ou digitação que tenha visto. A arte da capa ficou linda, passa a ideia de conforto e familiaridade, combinando com a história. Ele foi publicado originalmente em 2007.
“Eu sei que a maioria das pessoas acha que seus filhos são uns gênios, mesmo quando não são (por isso penduramos seus desenhos mal feitos na parede como se fossem telas de Picasso).”
Resenha desenvolvida por Maria Salles.
[…] de ter lido O Clube do Filme, fiquei cheia de vontade de assistir aos filmes que o autor citou. Todos os filmes eram antigos […]
Olha.. gostei desse livro. Mary tu lê umas coisas interessantes, gosto do seu gosto literário, diferente e muito bom!
Vou procurar em algum sebo e compra-lo. Gostei da sua opinião sobre e livros melancólicos são bem minha cara :p