Preocupante eu começar o ano com um livro de suspense? Bom, se é preocupante dai eu não sei, mas foi uma boa leitura que não me deixou de ressaca – até comecei outro livro no mesmo dia. A Febre é um livro que queria ler já há algum tempo e aproveitei as férias para pega-lo emprestado e tentar diminuir minha lista de leituras. Me envolveu o dia inteiro (que foi o tempo que levei para finalizar) e apesar de o final ter precisado de tempero, era o que eu precisava para começar com o pé direito minhas leituras em 2018.
A Febre se passa no decorrer mais ou menos de uma semana, a partir do momento que Lisa, amiga de Deenie, teve uma convulsão violenta que a deixou internada. O que a levou a ter o episódio? Seria a vacina que recebeu dias antes? Talvez seja o lago contaminado? Algo sobrenatural? O que for, Deenie quer descobrir. Especialmente porque no dia seguinte a próxima vítima coitada é Gabby, sua outra amiga. Afinal, o que está acontecendo? Todos começam a se perguntar e um estado de paranoia se instala no povo sem resposta. Seria Gabby a próxima?
“Não! Eu não consigo fazer meu queixo parar. Não consigo deixar minha cabeça reta. É como se tudo tivesse acontecendo comigo agora. Está dentro de mim e por todo lado. Sempre esteve em mim. Eu não consegui me conter.”
Eu achei extremamente interessante a premissa e fui arrastada para perto do livro desde que a Priscila comprou um tempo atrás, mas sempre estava com minhas mãos ocupadas com outros livros para ler. Adoro um suspense investigativo e achei que algo mais ou menos nesse estilo seria um bom passatempo. A Febre tem, salvo engano, três pontos de vista: o de Deenie, o do pai da dela e o do irmão dela. Para ser sincera eu achei meio exagerado misturar três pontos de vista no livro, mesmo que fosse fácil distinguir quem falava a cada momento, a sensação era quase como ficar observando uma partida de pingue-pongue: indo para lá e para cá. Apesar dessa “náusea”, tem também sua finalidade pois visualmente (é gente, visualmente, me deixa) adicionado à boa escrita da autora dá um efeito cinematográfico. Pelo menos para mim eu via um filme perfeitinho na cabeça.
O livro me envolveu do começo ao seu súbito fim. Comentei no instagram que me senti como em um episódio de Arquivo-X. Era um mistério e um suspense, com um lago suspeito e pessoas estranhas. Apesar de não se repetir o efeito de convulsão, outros sintomas se alastram, sendo eles o motivo da histeria coletiva: não foi um ou dois casos isolados. Apenas jovens mulheres eram afetadas! Se um alienígena aparecesse abduzindo umas cavas ou sei lá não me surpreenderia.
“Ela nunca pensou que isso aconteceria, que a febre cederia. Mas a Lise que voltou não parecia a mesma Lise. Havia várias Lises diferentes, e nenhuma delas era a de Deenie.”
Fiquei tensa e fixada, querendo terminar o livro e não fiz nada o dia inteiro, parando apenas para comer, até saber qual era o fim. E então… meh.
Lé grand finale. Não foi nada do que eu imaginava. Nada. Nadinha. Duvido que alguém tenha adivinhado, mesmo. A ideia foi ótima, original e até mesmo real. Porém, achei mal aproveitada. Foi mal-usada durante a trama e no final. Megan passou tanto tempo nos jogando de um lado para outro com pistas falsas aqui e ali que mal largou pistas verdadeiras; as importantes, ela não soube trabalhar dentro da narrativa e o final foi finalizado em dois tempos quando poderia ter sido muito melhor. O final foi “oi então é isso” deu uma enroladinha em alguns parágrafos e fim.
Tanto potencial sabe, de render umas páginas a mais e pareceu que ela cansou e nos deu a resposta final.
Título Original: The Fever
Autor(a): Megan Abbott
Editora: Intríseca
Páginas: 272
Ano: 2015
Sinopse: Na Escola Secundária de Dryden, Deenie, Lise e Gabby formam um trio inseparável. Filha do professor de química e irmã de um popular jogador de hóquei da escola, Deenie irradia a vulnerabilidade de uma típica adolescente de 16 anos. Quando Lise sofre uma inexplicável e violenta convulsão no meio de uma aula, ninguém sabe como reagir. Os boatos começam a se espalhar na mesma velocidade que outras meninas passam a ter desmaios, convulsões e tiques nervosos, deixando os médicos intrigados e os pais apavorados. Os ataques seriam efeito colateral de uma vacina contra HPV? Envoltos em teorias e especulações, o pânico rapidamente se alastra pela escola e pela cidade, ameaçando a frágil sensação de segurança daquelas pessoas, que não conseguem compreender a causa da doença terrível e misteriosa.
Avaliação: