Ficha Técnica
“Uma das armadilhas da infância é que não é preciso entender uma coisa para senti-la. Quando a razão é capaz de entender o ocorrido, as feridas no coração já são profundas demais.”
Zafón me impressiona a cada leitura com sua narração e construção dos personagens, além da trama que nunca é simplória. Há uma trama central e então, quando se dá conta, há mais de uma história sendo contada que entrelaçadas à trama principal, dando mais emoção conforme se vai lendo (uau, acabei de me dar conta que disse ‘trama’ muitas vezes).
“No meu mundo, a morte era uma mão anônima e incompreensível, um vendedor a domicílio que levava mães, mendigos ou vizinhos nonagenários como se fosse uma loteria do inferno.”
Eu gosto muito das personagens de Zafón, das quão humanas elas são. Mesmo o vilão da história, que você passa a leitura toda odiando, no final você acaba tendo dó dele e de suas loucuras. E eu amei as reviravoltas na história, algumas que já esperava, mas outras me pegaram totalmente de surpresa que eu até assustei e voltei algumas páginas para me certificar que não havia perdido nada, algo que indicasse o que ia acontecer.
Uma coisa nos livros de Zafón é que se precisa de bastante atenção na leitura para não acabar se perdendo. Eu não a achei cansativa, mas é um livro investigativo então sempre há alguma coisa nova, uma posta, algo acontecendo, de modo que páginas paradas são muito poucase, mesmo elas, não são tediosas.
Mais um livro incrível que tem potencial para filme do Zafón. Merecedor de ouro das cinco borboletinhas!
“A porta cedeu como a laje de uma sepultura, com um rangido brusco, exalando o ar fétido e viciado do interior. Empurrei a porta em sentido contrário, entrevendo um corredor mergulhado em sombras.”