O primeiro livro adulto de J.K. Rowling deu o que falar. Após o sucesso mundial – quiçá universal – de Harry Potter, as comparações e alusões são inevitáveis (Barry Fairbrother não soa parecido com Harry Potter?). Entretanto, Morte Súbita é capaz de trilhar seu próprio sucesso.
“Mais uma vez ele tinha entendido errado. Desprezava a comunidade local, não dava a mínima para as questões do vilarejo e tinha maior orgulho do isolamento em que viviam naquela casinha vagabunda lá do alto da colina.”
Disputa política e relações humanas são as bases para o livro. Há uma grande diversidade de relações – para uma grande diversidade de personagens; Rowling, aparentemente, tem como hobby criar personagens e suas histórias (e sem se perder dentro delas). As personagens apresentadas não são isoladas umas das outras, todas em algum ponto interagem e interferem direta ou indiretamente com as outras de alguma forma. No começo é um pouco confuso, são muitas pessoas e muitas histórias, mas acostuma-se ao dar continuidade à leitura.
Preciso dizer que Rowling escreve bem? Sua evolução como escritora pode ser vista durante a série de Harry Potter, e agora, cinco anos após seu término, continua em Morte Súbita.
Não espere, entretanto, uma grande aventura e emoção. Quando li a premissa do livro, imaginei que a morte de Berry desencadearia vários segredos revelados, e seriam esses segredos que moveriam a história. Bem, sim, há segredos – vários – envolvidos, e sim eles são usados contra as pessoas, mas o grande plot da história não são eles. É mais uma espécie de drama político.
“Ruth sabia que teria que contar a ele. Não fazer isso, deixar que ele descobrisse por si só, simplesmente não era uma opção. (…) Estava aterrorizada e sentia culpada, embora não soubesse porquê.”
Muito foi dito sobre o livro ser “para adultos”. Realmente, não é mesmo para a mesma faixa etária de Harry Potter – embora quem cresceu lendo Harry Potter agora já esteja grande o suficiente para lê-la. A narrativa é lenta e cansativa antes de se pegar o ritmo, sem contar o palavreado com palavrões e outros termos chulos – em alguns momentos, dispensáveis, ficou algo meio forçado, deu a impressão de que foram inseridos ali para fazer jus ao “literatura adulta”.
O livro também irá paras as telinhas! A emissora britânica de televisão, BBC encomendou uma série baseada no livro. Ainda não há previsões de filmagens, elenco ou data para a estreia, mas a série está prevista para 2014.