Literatura Nacional
Título: Um Herói Para Ela
Autor(a): Lu Piras
Ano: 2014
Editora: Novo Conceito
Páginas: 334
Sinopse: Bianca sempre quis ser roteirista de cinema. Para realizar seu sonho, ela sai do Brasil para estudar na famosa New York Film Academy. Em meio às emoções da nova vida na Big Apple, um rapaz misterioso acaba salvando a vida de Bianca em duas situações diferentes. Tudo o que ela sabe é que o seu herói tem no braço uma misteriosa tatuagem. Sem pistas sobre o seu protetor, ela é convidada para um show da banda The Masquerades, cujos componentes escondem os rostos atrás de máscaras. Uma rosa branca cai sobre o seu colo, arremessada pelo vocalista. Decidida a desvendar a identidade do mascarado, Bianca invade o camarim da banda. A surpresa que a aguarda por trás daquela porta poderá mudar o seu destino. Uma história cheia de humor e romance,
Serei bem honesta com vocês: eu tinha um preconceito (bem grande até) com livros nacionais. Não dava muita bola, achava-os fraco, chatos e sempre arranjava uma desculpa para não ler ou sei lá. Então eu criei o blog, conheci livros e autores brasileiros, e minha visão começou a se expandir. Dizer que agora sou apaixonada seria forçação de barra, porém, fico muito feliz e muito satisfeita que alguns autores tenham sido capazes de me fazer rever minhas opiniões e começar a ver a literatura nacional com outros olhos.
“- Foi o passarinho azul que te contou? – debochou Helena.
– Foi. E ele nunca mentiu para mim – ele respondeu, sorrindo para Bianca.”
Em Um Herói Para Ela conhecemos Bianca. Ela tem 23 anos é insatisfeita profissionalmente como advogada, profissão que escolheu não por amor, mas por que seu pai também a exercia. Ela andava desacreditada, desestimulada e cansada do trabalho e chefe abusado, namorando um cara após o outro, e nunca levando um relacionamento para frente. Sem aguentar mais ver a infelicidade da filha, seus pais decidem interferir inscrevendo-a em um curso de roteirista em uma faculdade em Nova Iorque, pois o maior sonho, e prazer, de Bianca é ser roteirista.
Para sua surpresa, Bianca é aceita e em questão de dias dá adeus ao Brasil e olá aos Estados Unidos, seu lar pelos próximos dois meses. Tudo o que ela quer é se focar a melhorar na escrita e aprender o que puder do workshop, sem festas e rapazes, e isso significa ignorar Paul – o cara mais gatinho da sua turma que parece estar a fim dela. Mas seu coração balança mesmo é por Salvatore, um italiano simpático que trabalha no restaurante em seu bairro e parece esconder um segredo. E ainda tem o misterioso homem que a salva, literalmente, duas vezes, mas cujo rosto nunca viu. Por sorte ela divide o apartamento com mais duas moças que estão dispostas a ajuda-la – cada uma a sua maneira.
À primeira vista, achei que Um Herói Para Ela seria sobre autodescoberta e romance, algo leve e descontraído, até porque o livro não é muito grande. Tive uma surpresa deliciosa durante o livro. Sim, se trata de autodescoberta e romance, mas vai muito além disso! Sem eu sequer cogitar a hipótese, há uma boa dose de aventura, e não é apenas a aventura de um país estrangeiro a ser descoberto não. Não sei nem como transpor em palavras o quanto eu gostei do plot twist.
“Nada era o que parecia, e tudo o que parecia podia não ser. Essa era a verdade que Bianca precisava enfrentar e a mentira que não queria aceitar.”
Estranhamente, eu gostei de todos os personagens, e isso é algo raro de acontecer (mentira, acabei de lembrar que não gostei do Paul, mas, bem, são outros 500). Desde a querida Bianca, passando por sua amiga em NY, Mônica (uma amiga que todos deveriam ter!), até a espevitada Nat, que diz o que quer, queira você ou não ouvir. Com suas qualidades e defeitos, a relação e ritmo saiu natural e familiar. Não posso esquecer do Salvatore, aquele italiano e síndrome de Edward Cullen com seus fantasmas interiores e passado misterioso, porém muito mais simpático e interessante que o vampiro.
Preciso de um parágrafo só pra comentar o Salvatore. Ele, como a própria Bianca o classifica, é uma espécie de anti-herói. Não é o mocinho, mas tampouco é o vilão. O que eu mais gostei nele é que não interfere na vida da Bianca, como vejo muitos personagens em sua posição fazendo. Ele não a “domina” e ela não o “domina”. Não sei se estou sendo muito clara no que eu quero dizer. É uma relação saudável, com seus altos e baixos, com cada um tendo seu espaço. Sem aquela coisa toda possessiva, sabe? E um instigando o melhor do outro.
Eu gostei muito, muito mesmo do livro. Adorei! Li em duas noites, incapaz de me fazer parar a leitura curiosa e intrigada para saber o que aconteceria a seguir e como os fatos de desenrolaria. O que mais contribuiu para isso, acredito eu, foi o diferencial que citei nas linhas acima, a aventura que Bianca passa. As várias delas. Estar em NY, a cidade que nunca dorme, e estar interessada por um italiano cheio de segredos rende muito mais que somente alguns beijos. Infelizmente, não posso ir muito além disso ou então acabo soltando spoiler. Fiquem com minha palavra então: vai além de romance (um bem construído alias, e lindo), e eu indico demais! O livro inteiro vale a pena, do começo ao fim, você não vai se arrepender e tenho certeza que irá se surpreender.
“Ele é o homem mais corajoso que já conheci. É preciso ter coragem para não nos perdermos de quem somos enquanto tentamos nos encontrar.”
Lu escreve muito bem, tanto que tinha momentos que me sentia ali ao lado de Bianca, às vezes em seu lugar em Nova Iorque. Só os dois primeiros capítulos estritamente que achei um pouco corrido, depois entendi que eram para nos inteirar sucintamente de sua vida antes que a história engatasse, nada que atrapalhe a leitura. E os inícios de cada capítulo tem uma arte relacionada ao universo cinematográfico – o desenho de um pacote de pipoca, um prêmio do Oscar, etc. Páginas amareladas que ajudam a leitura e uma capa linda. Será que se eu for para Nova Iorque vagar por bairros italianos eu encontrarei o meu Salvatore? 😉