Cinema Nacional
Título: Hoje Eu Quero Voltar Sozinho
Direção: Daniel Ribeiro
Ano: 2014
Duração: 95 minutos
Elenco: Ghilherme Lobo, Fabio Audi, Tess Amorim, Eucir de Souza, Isabela Guasco, Júlio Machado, Selma Egrei, Lúcia Romano, Naruna Costa e Victor Filgueiras.
Sinopse: Leonardo é um adolescente cego que, como qualquer adolescente, está em busca de seu lugar. Desejando ser mais independente, precisa lidar com suas limitações e a superproteção de sua mãe. Para decepção de sua inseparável melhor amiga, Giovana, ele planeja libertar-se de seu cotidiano fazendo uma viagem de intercâmbio. Porém a chegada de Gabriel, um novo aluno na escola, desperta sentimentos até então desconhecidos em Leonardo, fazendo-o redescobrir sua maneira de ver o mundo.

Trailer:

Não faz muito tempo que postei aqui no blog sobre este filme, baseado em um curta chamado Não Quero Voltar Sozinho que foi exibido no festival de Berlin, até ganhou um prêmio lá e outros mais. Eu assisti ao curta e amei, toda a ideia dele, os personagens e a forma como foi feito. O filme, que é a mesma história, porém mais desenvolvida, é ainda melhor: intenso, delicado e de bom gosto, me fez suspirar quando os créditos rolaram.

Léo e Giovana são amigos inseparáveis, possuem sua rotina e se conhecem desde sempre. É para Giovana que Léo conta sua vontade de ir para o exterior através de um intercâmbio, conhecer lugares novos, gente nova, um desejo de se libertar das amarras que seus pais, especialmente sua mãe, impõem por conta de sua condição. Quando Gabriel, um garoto novo na sala, começa a participar de sua vida, seus pensamentos mudam de foco e sua vida também muda. Através de Gabriel, Léo redescobre o mundo, a si mesmo e tem o primeiro contato com o amor.
A maneira como o filme é feito, desde a cenografia até a trilha sonora, é impecável. A relação de Léo e Gabriel é linda, a química entre Ghilherme e Fábio palpável e faz tudo muito mais real e emocionante. Estou simplesmente sem palavras para descrever o quanto o filme é incrível. Os minutos passam com leveza conforme acompanhamos o desenrolar da história. A cegueira, a amizade, o ciúmes e o amor, todos presentes nos 95 minutos de maneira balanceada e verossímil. É legal acompanhar a busca incessante de Léo por liberdade, e eu me vi torcendo por ele a cada minuto para que tudo desse certo, porque ele é simplesmente cativante assim. E o Gabriel, aqueles cachinhos e jeitinho tímido, ensinando o amigo a dançar e a ver emprestando seus olhos. Não sei se é uma interpretação minha ou se era algo que Daniel Ribeiro tinha a intenção de deixar implícito, mas encarei a vinda de Gabriel como uma lufada de ar. Ele veio e encontrou nas dificuldades e limitações de Léo um desafio e não um empecilho para ele viver, algo que as pessoas até então não faziam, ou pelo menos não muito. Ele não vai ao cinema porque não pode ver? Dane-se, vamos ao cinema! É divertido e revigorante.

Giovana não me apeteceu muito. No começo ela era legal, então seu ciúmes do melhor amigo começou a ficar chato. Quero dizer, até entendo o lado dela e tal, entretanto, me aborreceu uma parte do filme essa ladainha. Outro ponto que curti demais foi a relação entre Léo e o pai. São poucas as cenas, mas são importantes e vão além. A cena deles fazendo a barba, pra mim, foi uma das melhores!
E a atuação também da um show, especialmente Ghilherme, o Léo. Ele se preparou muitíssimo bem para encarnar o personagem, explicou à Veja “Em 2010, na fase de ensaios do curta, tive aulas de braile. Aprendi como guiar um cego e como ser guiado como sendo um. A técnica que usei para parecer cego foi mirar o olhar em um ponto fixo e prestar atenção em tudo, com o objetivo de deixar o olhar fixo, porém sem foco.” (leia a entrevista completa aqui)

Hoje Eu Quero Voltar Sozinho é um filme que indico fortemente! Todos devem ver e sair pensando. O filme da margem à tantas coisas! O preconceito, o comodismo, a forma de vermos o mundo e, ah, o amor em suas mais diversas formas. Se ainda não viu, corra para o cinema próximo e se encante.
Avaliação: