Alyssa Gardner é descendente da Alice que inspirou Lewis Carroll a escrever o livro. Mas Alyssa não gosta muito disso; as pessoas tiram sarro dela (fala sério, pra mim isso é inveja!) e, mais importante, desde Alice as mulheres da família não foram as mesmas. O histórico de insanidade chegou até sua mãe, que está presa entre a realidade e a fantasia em um sanatório, e Alyssa sabe que seu fim será o mesmo. Ela vive com seu pai e se dedica à arte, tendo como grandes amigos os irmãos Jenara e Jeb.
“Sinto o coração apertado. Acabou aquela história de ficarmos sempre juntos, como nos velhos tempos.”
As coisas começam a mudar numa semana especialmente ruim: sua mãe parece piorar e seu pai está sendo dissuadido por médicos a fazer um tratamento mais intenso, Jeb e ela já não são tão amigos e ele parece estar a fim de se mudar com a namorada – a qual Aly odeia. Pra completar, ela acha que começa a ver coisas (o que é um adicional ao fato de já ouvir insetos e plantas sussurrarem em seus ouvidos). Então eis que surge Morfeu, uma voz e presença que ela parece conhecer… de seus sonhos de infância! Ele lhe diz que o País das Maravilhas é real e precisa da ajuda dela, se Alyssa concertar o que Alice bagunçou naquele mundo, a insanidade de sua família será curada e sua mãe poderia finalmente voltar para casa.
Howard remeteu e reinventou Alice no País das Maravilhas de uma maneira original e cativante. Com uma pegada gótica e sombria, somos reapresentados a seres e lugares da história original que talvez não sejam exatamente como achávamos que fosse. É praticamente um mundo novo e mais maduro, mágico e de certa forma plausível. Fui totalmente conquistada pelo livro e seus personagens – que são tão bem construídos e inseridos quanto o enredo, o que é um alívio, já que algumas plot lines incríveis são frequentemente arruinadas por personagens ruins.
“Você compreende a lógica que está além do ilógico, Alyssa. É de sua natureza encontrar tranquilidade em meio à loucura.”
O livro é muito bem narrado por Alyssa, que fez por onde como heroína. Ela é uma garota de alma sensível, porém durona, e gostei muito do fluxo de pensamento dela. Não é uma personagem arrogante ou algo assim, e pode ser bem marrenta quando quer, sem contar as linhas sarcásticas dela. Ela e Rose Hathaway na mesma sala deve ser algo interessante de se ver. Apreciei demais a forma como ela evoluiu e aprendeu durante cada capítulo, com tudo o que acontia. E o Jeb, seu companheiro de aventuras!? Ah, Jeb, você tem um lugar em meu coração, se eu caísse no País das Maravilhas, com certeza gostaria de cair com você.
Apesar de gostar de todos, Morfeu foi o que mais me conquistou. Ele é super misterioso e exótico, sensual sem ser vulgar ou desnecessário, como se fosse natural dele. Ele é um jogador nato e me surpreendeu durante muitas vezes na leitura. Quando você acha que não, lá vem ele te surpreendendo novamente, te fazendo repensar as teorias sobre o que está acontecendo e o que vai acontecer.
Falando em teorias, frequentemente me gabo de ser “vidente”. Isso porque eu quase sempre acerto o que acho que vai acontecer no livro ou em um filme. Não por serem previsíveis (às vezes isso também), mas por identificar os sinais. Em O Lado Mais Sombrio, embora certas coisas eu ter notado, me surpreendeu a cada momento, como disse no paragrafo acima. Acho que foi por isso que gostei tanto do livro, ele é diferente e bem pensado, você não sabe o que vai acontecer até que realmente aconteça e nada é o que parece, exatamente como o País das Maravilhas. Sensacional.
“Vamos, menina do skate. Fique comigo, está bem? Haja o que houver dentro de você, não deixe que vença.”
O Lado Mais Sombrio é o primeiro livro do que eu acho ser uma série (o terceiro livro será lançado lá fora em 2015) chamada Splintered – sim o mesmo nome do título original, algo como “estilhaçada”, em pedaços, faz sentido com a leitura. Mal posso esperar ler o próximo, já li a sinopse no goodreads e fiquei super animada! Espero que a Novo Conceito continue trazendo a autora, seria muito bom! O segundo livro se chama Unhinged (Desequlibrada, numa tradução livre). E falando em Novo Conceito, devo parabenizar a editora pelo trabalho no livro. Além da belíssima capa e marcador, as páginas e os inícios dos capítulos são personalizados, ficou um mimo e combinou com o livro. Estou apaixonada. <3