Título Original: Twenty Boy Summer
Título Brasileiro: Vinte Garotos no Verão
Autor(a): Sarah Ockler
Ano: 2014
Editora: Novo Conceito
Páginas:
Sinopse: Quando alguém que você ama morre, as pessoas perguntam como você está, mas não querem saber de verdade. Elas buscam a afirmação de que você está bem, de que vocêaprecia a preocupação delas, de que a vida continua. Em segredo, elas se perguntam quando a obrigação de perguntar terminará (depois de três meses, por sinal. Escrito ou não escrito, é esse o tempo que as pessoas levam para esquecer algo que você jamais esquecerá). As pessoas não querem saber que você jamais comerá bolo de aniversário de novo porque não quer apagar o sabor mágico de cobertura nos lábios beijados por ele. Que você acorda todos os dias se perguntando por que você está viva e ele não. Que na primeira tarde de suas férias de verdade você se senta diante do mar, o rosto quente sob o sol, desejando que ele lhe dê um sinal de que está tudo bem.

“O cosmos pode ser tão cruel.”

Eu quase desisti e troquei o terceiro livro da Maratona Literária. Não por ele ser ruim ou algo do tipo, mas por me sentir próxima de uma maneira não muito agradável da história. As referências foram muito fortes, resultando numa uma leitura melancólica e agridoce (explicarei um pouco melhor mais para frente). Eu dei uma segunda chance ao livro e consegui ler até o fim.

Anna mora em Nova Iorque – o estado, não a cidade – e seus melhores amigos de todos os tempos são dois irmãos e vizinhos, Frankie e Matt. Anna é apaixonada por Matt, só que ninguém sabe disso, afinal, eles são praticamente irmãos e Matt sendo dois anos mais velho estará partindo para faculdade naquele outono. Quando ela já estava conformada a viver seu amor apenas em seus sonhos, em seu aniversário de 15 anos o impossível acontece: à sombra da cozinha, longe da vista de todos, Matt a beija, abrindo chance a todas as possibilidades outrora impossíveis. Ela só não contava que semanas depois Matt, seu querido Matt, não estaria mais com eles e a deixaria com o peso de uma promessa feita em segredo que ela se esforça a cumprir.

Às vezes acho que nos sentimos culpados por estarmos tristes, e, assim que nos pegarmos agindo como se tudo estivesse certo, alguém se lembra de que nada está certo.”

Um ano após o acidente que mudou a sua vida e a vida da família de Frankie, tudo parece estar voltando ao normal – exceto que Frankie mudou e os pais dela parecem não se importar – e ela os acompanha na viagem anual à Califórnia. O lugar é cheio de lembranças, e Anna se pergunta se não voltaram cedo demais e se ela não está sendo uma intrusa ali. Mas talvez a casa de praia cheia da presença dele seja exatamente o que todos estejam precisando para dar continuidade às suas vidas.

Matt me lembra muito uma pessoa querida que partiu cedo demais este ano. Ambos amados, ambos brilhantes e apenas iniciando sua vida cheia de promessas, brutalmente arrancados de nós sem que esperássemos, tão rápido quando um piscar, sem que pudéssemos nos despedir. Foi difícil, especialmente porque os dois primeiros capítulos se passam antes do derradeiro acidente, conhecemos um pouco Matt antes de tudo.

“Tudo o que consigo fazer e tentar pegar meu diário, meus pensamentos escritos como filhos perdidos de minha alma.”

Apesar da minha carga emocional ligada ao livro, apesar de eu precisar respirar fundo algumas vezes, apesar de ser impossível de me controlar e chorar nas páginas finais, eu gostei do livro. Ele fala sobre a perda, como as pessoas reagem individualmente a ela e como isso afeta no âmbito familiar. E também fala da superação, de encarar nossa dor e não fugirmos dela – adiar só irá nos fazer mal. Não é uma narrativa densa, ao contrário, apesar do tema delicado, Ockler teve a habilidade de fazê-lo de uma maneira delicada e natural, já que a protagonista é uma garota de 16 anos que tenta aproveitar o verão, por mais que a lembrança do antigo amor se faça presente quase o tempo todo.

É um drama bem explorado, com um enredo bem desenvolvido e personagens que te conquistam mesmo quando eles agem feito um idiota (oi, Frankie, estou falando de você). É lindo e emocionante, em meio às desventuras das duas amigas durante suas primeiras férias de verão após-Matt, em que eles estão aprendendo sobre elas mesmas além de lidar com o peso da tristeza e com aquele espaço vazio em suas vidas que nunca realmente irá deixá-las.

Foi bom eu ter insistido na leitura e finalizado-a, de verdade. O final é uma espécie de alívio. Rola muita tensão no livro, o peso das palavras não ditas, as ações “forçadas”, e então, no final, a harmonia finalmente começa a aparecer e as cosias começam a ocupar o seu lugar correto. É como se você respirasse novamente após prender o ar durante muito tempo.

(…)tinha tanto medo de apagar Matt… mas agora sei que jamais serei capaz de apagá-lo. Ele sempre fará parte de mim – só que de uma maneira diferente.”

Avaliação:
A música que escolhi para acompanhar a resenha é Gone Too Soon, da banda Simple Plan. A música me foi apresentada pela Dani do blog Um Livro e Eu. A letra, a melodia, se encaixa como uma luva feita sob medida. Oh I miss you now (Oh, sinto sua falta agora) / I wish you could see (Eu gostaria que você pudesse ver) / Just how much your memory (O quanto a sua memória) / Will always mean to me (Sempre significará para mim) / In a blink of an eye (Em um piscar de olhos) / I never got to say goodbye (Eu nunca pude dizer adeus)