Estreou na Netflix nesta última semana a série Uma Dose Diária de Sol (Daily Dose of Sunshine), protagonizada pela querida Park Bo-young, de Desgraça a Seu Dispor e Strong Woman Do Bong-Soon. Com 12 episódios de uma hora, a série é baseada nos relatos reais de uma enfermeira psiquiátrica. A série está disponível legendada e dublada.
No drama, acompanhamos Jung Da-eun (Bo-Young), uma enfermeira da Clínica que é transferida para trabalhar na ala psiquiátrica do hospital. Além de precisar se adaptar à nova rotina, Da-eun também aprenderá que por ali o tratamento vai além dos remédios.
Cada episódio é focado em um transtorno diferente, abordando sintomas, diagnóstico, tratamento e também a vida do paciente, sua reabilitação e as dificuldades que ele e seus familiares enfrentam. Com muita sensibilidade, a série consegue, de uma maneira muito humanizada e didática, mostrar a realidade daqueles que convivem com a doença.
Um artifício que gostei muito foi o uso de cenas lúdicas para representar transtornos. A crise de pânico vindo é como se a sala começasse a encher de água e te afogasse. A fobia social te prende dentro de um aquário e todos estão apontando para você. A depressão é um dia chuvoso e escuro, embora o sol esteja firme e forte do lado de fora.
No decorrer dos episódios é repetido diversas vezes sobre a importância em darmos atenção à nossa saúde mental. O que temos sentido? O que temos pensado? Como estão nossas relações? Um lembrete de que vai além de ter diagnóstico, mas é inerente do se viver em sociedade. Saber dizer não e impor limites, ir atrás do que te faz bem, fazer exercícios, são formas de manter sua saúde em dia e de impedir que se desenvolva para um problema maior.
Também oferece reflexões para combatermos a psicofobia que se apresenta das diversas formas. O medo de ser taxado de louco, o receio na busca de tratamento, a forma cruel que a sociedade recebe os neurodivergentes. São tópicos que vivenciamos frequentemente e que na série trazem sem rodeios ou pisar em ovos: o acolhimento é necessário e precisamos mudar a forma que tratamos a saúde mental.
Muita coisa é dita, literalmente, em forma de discurso entre os personagens, o que acho muito importante para reter a informação e não deixar vago ou a mercê de interpretações. É um roteiro assertivo e bem claro nesse quesito, com belíssimas frases aliadas a fotografia que nos conforta enquanto assistimos, sem precisar recorrer a frequente representação pesada e escura que costumamos ter.
A palavra principal que percorre os doze episódios é essa. ACOLHIMENTO. Acolher a dor do outro, acolher a dificuldade dos responsáveis. Acolher a si mesmo quando necessário. Eu poderia passar horas dissecando todas as coisas boas que a série trouxe à luz, mas sem dúvida é o melhor drama que assisti este ano e merece muito ser espalhado e explodir a bolha.
AVISO DE CONTEÚDO: não posso deixar de reforçar que é um drama sobre saúde mental e como tal pode conter gatilhos. A construção natural da série leva para que a partir do final do episódio 6 a trama fique mais densa e por mais que não tenham cenas fortes ou explícitas, a série aborda temas sensíveis que podem gerar desconforto, como e principalmente, automutilação e suicídio, e também a psicofobia.