Editora: Harper Collins

Páginas: 336

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Eu não sou muito fã de terror e nunca assisti ao clássico filme, mas quando a oportunidade de receber o livro apareceu, achei que seria uma boa ideia que o meu primeiro contato fosse através da leitura.

Escrito em terceira pessoa, o livro é dividido em 4 partes e narrado a partir de três núcleos: a atriz Chris cuja filha, Reagan, é possuída por um demônio; o Padre Merrin, acadêmico jesuíta; e o detetive Kinderman que investiga acontecimentos suspeitos. Desses, os dois primeiros são os principais e que logo se unem em busca de um mesmo objetivo.

“[…] coração apertado com a certeza gélida de que, em breve, seria procurado por um antigo inimigo cujo rosto ele nunca vira. Mas ele sabia seu nome.”

Padre Merrin é experiente e dedicado ao trabalho, mas acabou amortecido, realizando suas tarefas mecanicamente e unindo de certa forma fé e ciência. Quando Chris o abordou pedindo por ajuda, ele não cai de cabeça na história de possessão, mas investiga de forma sistemática se é um caso de exorcismo ou se a menina sofre de alguma outra doença. 

O primeiro terço do livro começou bem, interessante, mostrando a menina aos poucos ficando doente e se perdendo, ao tempo que apresentava informações religiosas pertinentes do lado do Padre Merrin. Mas então começou a ficar massante e cansativo, por consequência meu ritmo de leitura diminuiu e demorei horrores pra terminar. Eu não tinha altas expectativas, mas estava bem curiosa e esperava muito mais do que recebi.

“- Mãe, por que a cama está chacoalhando? Faz isso parar! Estou com medo! Faz parar! Mãe, por favor, faz parar!”

O colchão sacudia violentamente de um lado para o outro.”

Não é que o livro seja mal escrito ou desinteressante, tem umas passagens muito bacanas, umas informações que provocaram minha curiosidade para ir atrás. Ele é bem escrito, apesar de um tanto prolixo. O que faltou pra mim foi emoção. Não consegui me conectar com nenhum personagem, eu lia e não sentia nada. Ficava indiferente sabe? Uma história tão tensa de possessão, de sacrifícios, e que não mexeu em nada comigo.

Uma das artimanhas do Pazuzu inclusive era mexer com a mente das pessoas, trazendo seus medos, suas duvidas, suas mentiras, à tona para tortura-las mas as cenas eram fracas, nao tinham muito aprofundamento para ter impacto.

“Ela estava sentada com os olhos revirados enquanto a língua saia de sua boca com rapidez, remexendo a cabeça lentamente como uma cobra e, mais uma vez, o padre sentiu a inquietação familiar.”

Preciso separar um momento para falar da possessão da Reagan, e por dois motivos. Um, achei tedioso. Esperava terror, gore, suspense e recebi um Pazuzu que não fica quieto. Meu pensamento foi “é isso?”. Mas isso não é nada comparado ao incômodo que senti com o viés misógino e abusivo que não esperava encontrar. OKAY eu sei que é a história de um exorcismo escrito nos anos 70. Mas a maneira que Reagan era atacada me deixou enojada. Os termos pejorativos ao, abusos e sexualização direcionados a ela. Ela tem doze anos. Isso matou o livro pra mim.

Talvez tivesse sido melhor ter ido direto para o filme.