Eu amo fantasias, seres mágicos e contos de fadas. Foi por acaso que esbarrei com o trailer de Love Between Fairy and Devil (BR: Amor Entre Fada e Demônio) na Netflix e adicionei na minha lista (incrivelmente longa) de séries a assistir. Mas foi quando comecei a ver trechos da série no tiktok que parei o que estava fazendo e comecei a assistir imediatamente.
Love Between Fairy and Devil faz parte do gênero xianxia, uma fantasia chinesa baseada na mitolgia, taoismo, budismo, abordando heróis imortais. Você pode ler mais neste artigo da Coordenadoria de Estudos da Ásia da Universidade Federal de Pernambuco que está super completo.
Há 30 mil anos, o mundo imortal passou por uma grande guerra que abalou os três reinos. Após o sacrifício da deusa guerreira de Shui Yun Tian, reino das fadas, a Tribo Lunar foi vencida e seu rei, o Supremo da Lua, foi aprisionado. Ainda assim, a paz é momentânea, uma vez que há muita raiva, ressentimento e milhares de vidas foram perdidas.
É neste mundo pós-guerra que nasceu a Orquídea, um espírito elementar que trabalha organizando e protegendo os Livros do Destino. Seu sonho é evoluir e não ser mais uma fada inferior, e batalha para ser reconhecida. Mas devido a uma sucessão de acontecimentos inesperados, ela acaba ajudando Dongfang Qingcang, o Supremo da Lua, a se libertar de sua prisão e seus destinos – e vidas – se entrelaçam.
Com uma narrativa delicada e divertida, acompanhamos duas pessoas que não são apenas completamente diferentes uma da outra, mas também condicionados a se odiarem obrigados a conviver um com o outro. O dinamismo vem justamente desse contraste entre uma fada essencialmente boa e capaz de ver o bem em todos, e o espírito turbulento e insensível do imortal, trazendo situações cômicas do convívio obrigado, mas também uma boa dose de drama e ação que fez meu coração disparar.
O enemies to lovers é construído com paciência e explorado sem pressa, dando prioridade na evolução dos personagens individualmente, como pessoas, e sem trazer aquela ideia de que um completa o outro e sim que se desafiam a ser melhor. Principalmente porque cada um deles tem um papel a cumprir na narrativa para muito além do romance e escolhas e sacrifícios precisarão ser feitos.
Ao redor do casal principal vários outros personagens são apresentados, cada um com suas trajetórias paralelas que se conectam, explorando suas motivações e desenvolvendo suas histórias de maneira independente trazendo maior complexidade ao universo do drama, construindo juntos no final uma história só sobre amor e redenção, dupla que se apresenta de diversas formas.
A relação entre Orquídea e o Supremo da Lua desafia não somente as leis, mas também as expectativas daquele mundo, tão acostumado a ver no outro um inimigo. Os dois juntos guiam uma reflexões que se reflete em diversos momentos da série, como o limite do que podemos fazer por aquele que amamos, a relação do dever e o sacrifício dos nossos princípios. E que não é porque algo é feito de uma forma há muito tempo que não podemos contestar e mudar para melhor.
Esse foi meu primeiro contato com o gênero, e eu amei a forma que contam a história. Parece uma grande pintura se movendo diante dos meus olhos, figurinos esvoaçantes, penteados trabalhaos, o contraste de cores e todo o ar etéreo das cenas. Você é levado para dentro de um conto de fadas acompanhado por uma trilha sonora maravilhosa que completa com chave de ouro.
Love Between Fairy and Devil entrega tudo e mais um pouco. Nos apresenta vilões e heróis complexos, trazendo arcos de redenção plausíveis ao compreendermos melhor suas histórias e que nada é exatamente aquilo que parece ser. Uma grande história de amor, amizade improváveis e emocionantes cenas de lutas, no final me vi torcendo para que todos conseguissem encontrar a felicidade ou a paz de espírito.
São 36 episódios que passam sem que a gente perceba e, quando acaba, deixa com gostinho de quero mais. Já estou com saudades do meu casal…
Assista ao trailer de Love Between Fairy and Devil, com Dylan Wang, Ester Yu, Zhang Ling He e Xu Hai Qiao.
