Eu não estava preparada para Evelyn Hugo.
Sempre que um livro alcança um hype eu fico receosa em entrar na leitura. Fico me perguntando se ele é realmente tão ótimo assim, se estou observando o Efeito Mandela acontecer ou ainda se eu serei aquela a ir contra a maré – isso é muito a minha cara. Não é que eu não acredite no potencial literário da obra, mas sabe como é, quando a esmola é demais o santo desconfia.
Título: Os Sete Maridos de Evelyn Hugo
Autor(a): Taylor Jenkins Reid
Páginas: 400
Publicação: Editora Paralela
Ano de lançamento: 2017
Com muito cuidado, e até atrasada no rolê, iniciei a leitura. De cara e muito facilmente, a escrita de Reid me envolveu. De maneira fluida, começamos a leitura no presente quando Monique, uma jovem jornalista com grandes aspirações, é convidada a dedo por Evelyn Hugo para escrever uma matéria sobre ela. Mas Evelyn não é uma famosa qualquer. É simplesmente uma das maiores atrizes da época de ouro do cinema cuja vida particular é um imenso mistério e contada apenas por tabloides da época. O que ela iria revelar e porque ela queria justamente Monique?
Acompanhamos a história da atriz desde muito antes do estrelado. Quando era apenas uma jovem com um imenso desejo à margem da sociedade. Não apenas mulher, como também latina, Evelyn sabia que precisaria trabalhar o triplo mais que qualquer um para chegar a qualquer lugar. Quais sacrifícios ela estaria disposta a fazer e qual seria seu limite?
Com uma trajetória solitária, podendo confiar apenas em si mesma, Evelyn chega ao topo, mas não sem sofrer. Em Os Sete Marido de Evelyn Hugo a autora conseguiu abordar com muita naturalidade e realismo, em uma trama redonda e fechadinha, assuntos como machismo, xenofobia, violência e sexualidade. Inúmeros paralelos que ainda continuam presente em pleno século 21.
Fazia muito tempo que um livro não me arrebatava desse jeito. Eu me forcei a ler com calma, para absorver cada página da mesma maneira que um sommelier degusta o mais fino vinho. Reid parece escrever diretamente dos bastidores de Hollywood, com tanta proeza que me pergunto se Evelyn realmente existiu e se a autora a acompanhou como um silencioso fantasma.
É até um pouco difícil discorrer sobre o livro, uma vez que a vida de Evelyn é um mistério para todos, qualquer coisa que eu disse pode vir a ser um spoiler. De qualquer forma, o livro é facilmente um dos melhores que já li e com certeza é a melhor leitura de 2021.
Em 2019 foi anunciado a compra dos direitos do livro para uma adaptação pela Freeform com Ilene Chaiken (The L Word, Empire) e Jennifer Beals (The L Word) na produção e a própria Taylor Reid no roteiro.
ATUALIZAÇÃO 24/03/2022
Foi anunciado hoje que o projeto do filme foi da Freeform para a Netflix. A produção estão nas mãos de Liza Chasin (A Garota Dinamarquesa) e Brad Mendelsohn (Fim do Mundo) com Reid e Margaret Chernin (O Pintassilgo) de produtoras executivas.