“Eu quero a minha mãe” |
Você só vive uma vez. É sua obrigação aproveitar a vida da melhor forma possível.
Gostaria de ter salvo as mensagens que eu mandei para as meninas. COMO ELAS SE ATREVERAM A NÃO ME PREPARAR PARA ESSE LIVRO? Eu não estava esperando nada daquilo! Simplesmente me disseram: leialeialeialeia e então eu fui e li, sem procurar nada a respeito e, wow. WOW. Que fique registrado: eu ainda odeio vocês por me fazerem passar por aquilo despreparada. Parte de mim se foi que não terei de volta.
Mas voltando ao tópico. O livro se trata da história de Lou Clark, uma jovem mulher ao melhor estilo maniac pixie dream girl disfarçada de protagonista. Sempre otimista, com um sorriso no rosto, disposta a ajudar e com um gosto deveras peculiar de se vestir, Lou tem sua vida virada de cabeça pra baixo quando perde o emprego. Desastrada e um tanto desatenta, enfrenta um emprego atrás do outro até topar com a vaga de cuidadora de Will Traynor, homem rico e mau-humorado que ficou tetraplégico após um acidente de trânsito. Adiciona-se uma dose de clichê à receita quando esses dois mundos se encontram e ela, a despeito da falta de vontade dele, resolve colorir e animar novamente sua vida.
“O pior é perder a capacidade de tomar suas próprias decisões, de não ser capaz de fazer qualquer coisa sem precisar de ajuda.”
É um livro bem escrito e com uma grande carga emocional envolvendo os protagonistas. É extremamente difícil para Will lidar com sua nova vida sendo dependente das pessoas para as cosias mais simples como escovar os dentes, justamente ele que antes de tudo adorava esportes radicais e aventuras; foi um choque tão grande que ele se fechou de tudo e simplesmente desistiu. Me fez parar para pensar como a gente considera as coisas como garantido, sem imaginar que no segundo seguinte tudo pode mudar e estaremos perdidos sem saber o que fazer. A história de Will é o oposto das histórias de superação que vemos em matérias, o que é extremamente triste. Observar alguém que não quer mais nada e não vê mais prazer na vida e não ter nada que você, com seu privilégio em poder se mover livremente, diga ou faça possa mudar isso, é de cortar o coração.
A Lou… bem, ela às vezes me irritou durante a leitura. Não consigo por o dedo no que me incomodou, talvez a formação de maniac pixie dream girl, com sua alegria constante, aquele ar praticamente inabalável. Parece uma Poliana dos tempos modernos, mas é agradável ver sua mudança e amadurecimento durante o livro, de uma jovem perdida e parada, para alguém que corre atrás de uma vida melhor para si mesma ao invés de se contentar com o que o mundo lhe traz.
“Ninguém quer saber que às vezes me sinto claustrofóbico estando nesta cadeira que tenho vontade de gritar feito louco só de pensar em passar mais um dia assim.”
Não quero dar spoilers sobre o livro, mas a autora foi corajosa ao abordar certos temas dentro da trama que causou divisória, especialmente após o filme. Você que já leu ou assistiu sabe o que estou dizendo. É um tema delicadíssimo e que faz parte da vida daqueles que sofreram acidentes e veem suas vidas completamente mudadas. Por isso que, em parte, eu compreendo totalmente sua escolha, porque é algo que acontece e que existe. Por outro lado, eu acho que faltou abordar o tema de uma maneira um pouco mais cuidadosa para não ocasionar perda da mensagem no caminho, que é o que aconteceu agora que o filme saiu (ou talvez seja um problema do filme?).
De modo geral, foi um livro que me fez rir, chorar e pensar, e gritar e xingar todo mundo. Teve suas falhas – como utilizar várias ferramentas clichês – e ao mesmo tempo teve um final inovador (sério, uma das coisas que amei foi o final). Fiquei esgotada, positivamente, e satisfeita ao ler a última frase e estou curiosa para saber como transportaram as páginas em minutos na tela.
Título Original: Me Before You
Título Brasileiro: Como Eu Era Antes de Você
Autor(a): Jojo Moyes
Ano: 2012
Editora: Intrínseca
Páginas: 320
Sinopse: Aos 26 anos, Louisa Clark não tem muitas ambições. Ela mora com os pais, a irmã mãe solteira, o sobrinho pequeno e um avô que precisa de cuidados constantes desde que sofreu um derrame. Sua vidinha ainda inclui o trabalho como garçonete num café de sua pequena cidade – um emprego que não paga muito, mas ajuda com as despesas – e o namoro com Patrick, um triatleta que não parece muito interessado nela. Não que ela se importe. Quando o café fecha as portas, Lou é obrigada a procurar outro emprego. Sem muitas qualificações, consegue trabalho como cuidadora de um tetraplégico. Will Traynor tem 35 anos, é inteligente, rico e mal-humorado. Preso a uma cadeira de rodas depois de ter sido atropelado por uma moto, o antes ativo e esportivo Will agora desconta toda a sua amargura em quem estiver por perto. Sua vida parece sem sentido e dolorosa demais para ser levada adiante. Obstinado, ele planeja com cuidado uma forma de acabar com esse sofrimento. Só não esperava que Lou aparecesse e se empenhasse tanto para convencê-lo do contrário. Uma comovente história sobre amor e família, Como eu era antes de você mostra, acima de tudo, a coragem e o esforço necessários para retomar a vida quando tudo parece acabado.