Sinopse: No mundo de Tana existem cidades rodeadas por muros são as Coldtowns. Nelas, monstros que vivem no isolamento e seres humanos ocupam o mesmo espaço, em um decadente e sangrento embate entre predadores e presas. Depois que você ultrapassa os portões de uma Coldtown, nunca mais consegue sair. Em uma manhã, depois de uma festa banal, Tana acorda rodeada por cadáveres. Os outros sobreviventes do massacre são o seu insuportavelmente doce ex-namorado que foi infectado e que, portanto, representa uma ameaça e um rapaz misterioso que carrega um segredo terrível. Atormentada e determinada, Tana entra em uma corrida contra o relógio para salvar o seu pequeno grupo com o único recurso que ela conhece: atravessando o coração perverso e luxuoso da própria Coldtown. A Menina Mais Fria de Coldtown, da aclamada Holly Black, é uma história única sobre fúria e vingança, culpa e horror, amor e ódio.
“Tana imaginou bocas com presas nas sombras; imaginou mãos frias abrindo caminho pelo linóleo da cozinha, unhas arranhando seus tornozelos enquanto ela se arrastava na escuridão.”
Eu sou fã assumida de vampiros. Se um livro tem temática vampiresca, muito provavelmente irei ler em alguma hora. Entretanto, o já saturado gênero me tornou bastante seletiva e exigente com o que leio. Nisso, poucos livros realmente me conquistaram e me deixaram apaixonada por suas histórias, e admito que estava meio temerosa quanto a
A Menina Mais Fria de Coldtown, considerando que já tive experiências ruins com livros de vampiros e não queria que esse fosse mais uma decepção, mesmo já tendo gostado do estilo da Holly previamente ao ler
Boneca de Ossos. Quando vi a resenha da Katy, do canal
Katytastic e o quanto ela adorou o livro, decidi por fim iniciar a leitura. Foi paixão no primeiro capítulo e li em duas sentadas; é um dos melhores livros que li esse ano!
O mundo no livro me remeteu à True Blood (série de tv baseada na série de livros As Crônicas de Sookie Stackhouse): os vampiros se tornaram conhecidos da humanidade, sendo necessário uma resposta nossa a existência desses seres noturnos. Diferentemente de True Blood, a relação interespécies iniciou-se violentamente com a disseminação do vampirismo culminando assim na criação de áreas de quarentena para isolar os vampiros e pessoas contaminadas do resto do mundo, as chamadas Coldtown. O vampirismo passou a ser estudado, as pessoas tiveram que se adaptar para se proteger, surgiram caçadores de vampiros e também aqueles que simpatizavam com eles.
É nesse mundo que Tana viveu maior parte de sua vida, mas para aqueles fora das Coldtown nos Estados Unidos, o dia-a-dia não mudou muito. Até uma festa da sala de Tana – uma que acontecia quase todo final de semana – acaba muito mal e ela é obrigada a se dirigir para a Coldtown mais próxima – e mais famosa – com seu ex-namorado contaminado e um vampiro misterioso que aparentemente não tem interesse em sugar seu sangue ou transforma-la.
“- Porque a morte deveria discriminar entre velhice e juventude você quer dizer? – perguntou ele com calma – A morte tem seus prediletos, como qualquer um. Aqueles que são queridinhos da morte não haverão de morrer.”
A Menina Mais Fria de Coldtown é extremamente bem escrito, te suga para dentro das páginas e te faz viver as mesmas aventuras de Tana e seus companheiros. Escrito em terceira pessoa, a maior parte do tempo se passa no tempo presente alternando com alguns capítulos que contam a vida anterior de Tana e de Gavriel, o vampiro que a acompanha, para nos dar uma base da história e dos personagens. Holly Black demostrou domínio sobre o mundo que criou, sem vacilar no enredo os nas personalidades. O livro é cheio de ação, aventura, sangue e muita tensão, ao mesmo tempo, não é um livro pesado ou denso, cuja leitura te canse ou acabe de deixando com mal estar, é um YA de seuspense escrito na medida certa.
Embora se foque em Tana, também há a história de Gavriel sendo contada em paralelo e a certa altura da narrativa, ambas as histórias se encontram e continuam como a mesma. Eu adorei a Tana e o Gavriel, até mesmo o Aidan, o ex da Tana que amadurece bastante na trama. Esses três personagens foram muito bem construídos, especialmente Tana que passa por muita e apesar do medo continua determinada a sobreviver. Muita coisa acontece na história, mas é tudo bem fluído e abordado, os acontecimentos acabam se conectando de alguma forma e se complementando como uma grande teia.
Também gostei muito do título do livro, embora faça mais sentido em inglês. Quando uma pessoa é contaminada por um vampiro, ela não se transforma necessariamente em um. Se ela entrar em quarentena, sem se alimentar de sangue humano, o corpo dela acaba eliminando o “vírus-vampiro”. É uma estratégia arriscada e quase não usada. A pessoa contaminada é tida como se estivesse doente, o termo utilizado é Resfriada, em inglês, com uma Cold. Então, em inglês, o Coldest além de se referir ao estado frio também faz relação com a doença, ao estar Resfriada. Achei isso muito bem bolado!
“Naquele instante, com a mão na maçaneta, Tana desejou que sua vida fosse como uma gravação, em que a gente pudesse acelerar todas as partes assustadoras, em que tudo ficou ponta-cabeça, e pulasse para o que viesse em seguida, não importando quão ruim fosse.”
O livro não tem muito romance, nem tem muito tempo para se dedicar a ele, embora uma relação especial seja construída entre dois personagens que não vou dizer quem são, seria spoiler já que a relação toma maior forma ao final do livro. E, falando no final, a resolução dos problemas foi uma surpresa que não esperava – muita coisa no livro foi inesperado, aliás – e o finalzinho em si é aberto, o que me deixou extremamente frustrada, embora, de certa forma, eu aprove. Uma relação de amor e ódio com ele, ainda mais porque o livro é único até então, embora Holly diga que talvez possa voltar a escrever sobre ele mais para frente. Estou torcendo para que sim, adoraria ter mais Tana, Gavriel, Aidan e a Coldtown em novas aventuras.
A capa original, que achei muito bonita, foi mantida, As páginas são amareladas e a fonte em tamanho bom, fácil de ler. As páginas são sujas com respingos de sangue e a cada início de capítulo, escrito em letra rabuscada, há uma citação que fala sobre morte. O marcador é lindo, parece uma gota de sangue escorrendo.
Avaliação: