Ficha Técnica
Literatura Nacional
Título: 72 horas para morrer
Autor(a): Ricarado Ragazzo
Ano: 2011
Editora: Novo Século
Páginas: 254
Quando Miguel cumpre sua pena na prisão por um crime que desfez os laços de amizade entre ele e Júlio, o policial não aceita que este volte para Novo Salto – muito menos que fique hospedado na Igreja aos cuidados de Padre Paulo, seu amigo. Mas a tensão com Miguel se intensifica quando Agatha, namorada de Júlio, é sequestrada sem deixar pistas – a não ser um bilhete ameaçador escrito pelo sequestrador desconhecido. E Miguel é o primeiro (se não o único na mente de Júlio) suspeito.
“Amarrei o coldre à canela e deixei a pistola Glock no carro. Segui para o clube em busca de respostas. E estava disposto a tudo para consegui-las. Tudo.”
Regado de suspense e tensão do começo ao fim, 72 Horas Para Morrer é mais que uma simples trama policial passada no interior. Ricardo expõe o homem da forma mais nua e crua, o homem primitivo que há dentro de cada um de nós, através de sentimentos como raiva, vingança, ambição. Uma forma bem bruta e quase cruel de nos apresentar um lado que tentamos ignorar – e que está bem presente, é só assistir aos noticiários.
Apesar de pingar sangue e violência das páginas, não é uma trama perdida e sem base. Há toda uma rede de histórias encontrando histórias, passado e presente se misturando que, honestamente, não sei como o autor não se perdeu em meio há tantas coisas ocorrendo ao mesmo tempo. Foi um trabalho muito bem pensado e estruturado, sem dúvidas.
Quase levou nota máxima, se não fosse certo detalhe importante nas páginas finais que me deixou balançada: o sobrenatural. Durante toda a leitura, não houve indícios de que haveria algo do tipo. Fui presa à narrativa página por página tentando, junto a Júlio, descobrir quem que arquitetara tamanha vingança e por que. No último capítulo, quando os envolvidos se revelaram, foi um misto de surpresa e contentamento – “Claro que seriam eles, quem mais? Como não pensei nisso antes!?” – e então, quando as pontas começam a serem ligadas vem a surpresa de que o que parece, na verdade não é; de que não era bem aquela pessoa ou bem aquele motivo. Achei que ficou deslocada essa inserção, apareceu “do nada”. Saiu do ritmo que o livro manteve até então. (Uma observação: não gostei desse final sobrenatural no livro, mas não significa que tenha sido ruim na essência. Foi muito bem escrito e situado, só não achei que combinou com o que havia lido até então nas páginas pregressas).
“Nunca gostara de ajoelhar em toda a minha vida. Desde criança. Parecia algo que só os derrotados e os desesperados costumavam fazer – pessoas que, assim como eu, estava naquela momento: sem esperança alguma.”
Muito bem escrito e elaborado, 72 Horas Para Morrer é escrito tanto em 1ª pessoa na visão de Júlio quanto em 3ª pessoa para relatar acontecimentos em que ele não estava presente. Cheio de ação, suspense e descobertas, o livro surpreende com cada reviravolta inesperada e desenvolvimento das personagens que nem pensaríamos que poderiam ter a ver com a trama.