Ficha Técnica

Título Brasileiro: O Sonho de Eva

Autor(a): Chico Anes

Ano: 2012

Editora: Novo Conceito

Páginas: 304

Sinopse: Dra. Eva Abelar, autoridade mundial em sonhos lúcidos, é informada de que seu filho, Joachim, uma criança autista, desaparece na mesma noite em que sua irmã, Anna, pula do 20º andar de um edifício em São Paulo. Anna era a principal cientista do projeto DreamGame, invento revolucionário que permite à pessoa jogar enquanto dorme. Eva é convidada por Yume a assumir o lugar da irmã e, à procura de respostas, se envolve em uma trama perigosa, que alcança os limites dos desejos inconscientes do homem. Enquanto usa seus conhecimentos para desvendar a morte de Anna e reencontrar Joachim, Eva descobre o quanto a sociedade está vulnerável à tecnologia e aos estímulos subliminares, e como esses estímulos podem sequestrar a liberdade e extinguir o livre-arbítrio.

Primeiramente, gostaria de parabenizar a Novo Conceito pelo trabalho do livro. Até agora, nenhuma de suas publicações me decepcionou quanto a isso. Achei a capa linda, muito bem bolada. As artes da caixinha que veio o livro e do marcador também ficaram ótimas, combinou com a história perfeitamente. E a máscara de dormir é uma delícia! 😀

Eu gostei do livro. Achei o tema bem elaborado, apesar de, na minha concepção, ser mais futurista – em momento algum é falado que ano se passa a história (acho que se fosse um século ou anos futuros teria especificado). Não vou dizer que é um tema inteiramente novo pra mim, pois já li algo parecido da Nora Roberts na Série Mortal, os vídeo games e o controle da mente etc, só que sem a parte dos sonhos lúcidos. O tema é até parecido, mas a história completamente diferente (dã).

Algo que eu achei super positivo foi o ritmo do livro. Chico não perdeu tempo com informações ou passagens inúteis. Sendo uma trama investigativa, foi uma manobra arriscada, mas bem sucedida. Assim, o livro não ficou enorme e cheio de partes que não servem pra muita coisa, se atendo apenas à história, de modo que não cansa a leitura com ‘enrolações’. O final foi tudo muito rápido, mas, pra mim, não deu aquela sensação de ‘falta algo’ ou de que foi um ‘final cuspido’ como muitos outros livros onde de repente, depois de tanta ação a mocinha está depressiva e sozinha tentando se recuperar (quem leu sabe qual livro estou me referindo, mas não vou dizer qual é pra não ser acusada de spoilers. rs).

“Todos aqueles sorrisos congelados pareciam esconder  a angústia pela morte inevitável, morte que a cada ceifada no vasto campo de homens lançava nova afronta de desforra impossível.”

Achei tocante o amor de Eva pelo filho e o como ela suprimia os problemas do passado e como isso apenas a vazia mal. A superação de sua própria culpa pelo o que aconteceu no passado veio aos poucos e foi decisivo, de certa maneira, para que ela pudesse se dar bem. Teve uma cena que eu realmente não gostei, que achei um tanto forçada, foi em um momento pelo livro (serei o mais vaga possível pra não dar informação demais) que ela deixa um bilhete com o sangue da menstruação dela. Tipo… what? Não sei se foi o fato de ter sido nojento ou ser algo que eu nunca pensaria ou não sei o que, sei que dessa cena não gostei. Hm.

Chico escreve bem e com desenvoltura, apesar de, às vezes, um ou outro diálogo não me agradar muito. Uma coisa que eu não gostei foi a seleção dos nomes brasileiros. Tinha uns nomes exóticos demais (Zed pra mim foi o pior). Pra um livro que se passa a maior parte do tempo entre dois países de continentes diferentes, eu acho que os nomes poderiam ser mais brasileiros, sabe? Temos, sim, alguns nomes exóticos e diferentes (quiçá estranhos e até feios)em nosso país, mas colocar a maioria dos nomes dos personagens brasileiros parecendo ser de outro país, pra mim, não colou muito.

Admito que teve uns momentos que fiquei meio perdida com as informações técnicas, sobre o jogo, psicologia e etc, mas fiquei ainda mais interessada por essa área (não que eu queira inventar um jogo desse tipo). Eu acho muito interessante e sou muito curiosa com neurociência, psicologia e tudo mais.

“- É difícil falar sobre o caráter das pessoas, filha. Nesta nossa época, quase ninguém se abre de fato. todos nós guardamos um par de assuntos interessantes no bolso da frente, três ou quatro piadas no bolso de trás, meia duzia de nomes e personalidades no bolso do paleto e, assim, saímos todos os dias para os nossos relacionamentos: com os bolsos cheios de mesmice e lixo. São bolsos rasos, como os relacionamentos que pretendemos construir com eles. Difícil julgar alguém com esse tipo de material, não acha?”

Eu gostei e indico o livro, uma literatura que seja baseada no romance de mãe e filho pra variar um pouco esse mundo de romances e com um tema pouco – okay, praticamente nunca – usado. Diferente, curioso e (olha a palavra ai de novo) interessante, com um toque de suspense, investigação e surpresas.