Ficha Técnica

Título: A Grande Criação de Nicolas 

Autor(a): Dennis Vinicius

Ano: 2011

Editora: Llyr Editorial

Páginas: 286

Sinopse: Todo contador de histórias imagina como seria se um de seus personagens ganhasse vida. Nicolas descobriu isso da pior maneira possível. Seus dias eram simples e solitários: passava a maior parte do seu tempo criando e desenhando as aventuras do Fantasma Vingador – um guerreiro espectral, dotado de poderes incríveis, que vinga as almas daqueles que foram mortos injustamente. Até o dia em que descobre que alguém, vestido e agindo como o seu personagem, caça bandidos perigosos nas ruas de São Paulo. Sem escolha, Nicolas é sugado para o mundo deste misterioso mascarado. Pouco a pouco, a verdade vai sendo revelada, assim como os segredos mais sombrios daqueles à sua volta. Com reviravoltas, suspense e repleto de ação, “A Grande Criação de Nicolas” irá prendê-lo da primeira até a última página. Alguns segredos, quando revelados, podem mudar a vida não só de uma pessoa, mas de uma cidade inteira.

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Conheci o livro no estande da Vermelho Marinho, lá na Bienal. O autor estava autografando exemplares e fiquei curiosa. Eu li a sinopse na contracapa do livro, mas o que realmente me pegou e me fez comprar imediatamente foi a primeira frase da orelha “Todo contador de histórias imagina como seria se um de seus personagens ganhasse vida. Nicolas descobriu isso da pior maneira possível.”. Depois de ler isso, não precisei de mais nada: comprei e ainda ganhei autógrafo.

Conhecemos Nicolas Lenner, um garoto de 12 anos que vê seu irmão mais velho como melhor amigo e herói. Ele é criativo e passa parte de seu tempo livro criando personagens de histórias em quadrinhos, ao estilo Marvel ou DC Comics. Na noite de Ano Novo – quando começa a história – ele e seu irmão, José Eduardo (que é sempre chamado de Duda ou Eduardo), vão passar junto a amigos do segundo pescando no lago, no que promete ser uma noite mágica e divertida. Só que não acontece nada como planejado. Nicolas acorda em meio a um acidente de carro, sem se lembrar do que possa ter acontecido. E ele é o único sobrevivente.

“Os irmãos Lenner tinham algo de admirável que raramente se vê: o amor e o respeito mútuo. Observo que irmãos brigam bastante. Há casos em que trabalho porque um irmão matou o outro. Porém, nem uma sombra de rixa pairava sobre os dois.”

A verdadeira trama se inicia quatro anos depois. Nicolas, agora com 16 anos, mora com a mãe e tem apenas dois amigos, Diego e Tamires – a ex-namorada de seu irmão. Tornou-se um garoto quieto e introspectivo, passou a dormir no quarto que pertencia a Eduardo, sem mexer em nada ali e a maior parte do tempo é gasta em suas histórias. Sua inatividade mórbida é alterada quando numa manhã a notícia de que um cara que se intitula em Fantasma Vingador teria se envolvido numa briga em um bar e sumido. O problema? Bem, Fantasma Vingador é um de seus personagens.

Quem narra a história é a Morte, que se vê perplexa e curiosa com Nicolas e os acontecimentos. Foi uma boa jogada, assim detalhes e cenas importantes não se perdem com a narrativa em 1ª pessoa e tira o tom impessoal e distante do narrador em 3ª pessoa. Também foi bom por queque às vezes ela nos cedia informações que não eram apresentadas pelos personagens ou algumas explicações para entendermos determinada cena ou fala.

“Não me culpe pelas mazelas da vida. Minha participação  só se dá no final. Até então, vejo as peças se movendo. A vida é que separa as pessoas, eu apenas guio os que se vão. Sou temida, respeitada, odiada até, eu sei. Minha culpa – se há uma – é a de seguia as regras universais.”

Eu realmente adorei o livro. É uma mistura de policial, mistério e fantasia na medida correta. O autor se apoiou em ciência para criar esse mundo Fantástico, deixando a história palpável, dando aquela sensação de possibilidade. Um livro bem escrito parece real mesmo quando fantasioso. Agora quando um livro fantasioso e bem escrito parece real não apenas por isso, mas por serem plausíveis as explicações, da um tom totalmente diferente a história. Isso e também o fato de os vilões da história serem os nossos vilões no brasil: traficantes, bandidos, até mesmo policiais. Esse misto de realidade e fantasia deu muito certo.

Agora, o que eu realmente amei foi o final. Não quero acabar soltando spoilers aqui na resenha, mas foi totalmente não convencional e mesmo assim correto. Admito que fiquei um pouco triste, mas gostei mesmo assim. Geralmente, nos finais dos livros o universo conspira a favor dos protagonistas, e todos têem finais felizes e perfeitos. Mocinha e mocinho ficam juntos, todas as mulheres ficam grávidas, há milhares de casamentos e etc, aquela coisa bem fim de novela. Bem, o final do livro não é convencional e sim correto. As pessoas ficam felizes, mesmo que o que elas realmente queiram não seja almejado, elas seguem em frente com o que tem e com a lembrança do que tiveram. Foi um final bonito. É uma história, acredito, que agradaria leitores de ambos os sexos.

A arte do livro está de parabéns, a diagramação, marcação de capítulos e até de páginas. Foi um trabalho muito bem feito. Não percebi erros de gramática e ortografia. Alguns erros de digitação que posso contar nos dedos de uma mão, e que não atrapalham no entendimento ou leitura do livro.

“Se eu revelei a você de que o amor o libertará, a culpa, fique atento, o esmagará. (…) Bem aventurados é aquele que se livra da culpa ainda em vida, pois aqui não há ferramentas que a desconecte dela.”

Resenha desenvolvida por Maria Salles.