Ficha Técnica

Título Original: The Birds

Título Brasileiro: Os Pássaros

Direção: Alfred Hithcock

Ano: 1963

Duração: 116 min

Elenco: Rod Taylor, Jessica Tandy, Suzanne Pleshette, Tipp Hendren.

Sinopse: Melanie Daniels, uma jovem da cidade de São Francisco, vai até uma pequena cidade isolada da Califórnia chamada Bodega Bay, atrás de um potencial namorado, Mitch Brenner. Mas na cidade começa de repente a acontecer fatos estranhos: pássaros de todas as espécies passam a atacar a população, em número cada vez maior e com mais violência, deixando todos aterrorizados.

Trailer (infelizmente não encontrei o trailer legendado):


Antes da resenha, gostaria primeiramente avisar de que os Filmes Clássicos serão postados de 15 em 15 dias agora, ao invés de uma semana como fora minha primeira proposta. Por esse motivo a resenha só saiu agora.

Nessa quinzena, trago a vocês o filme do considerado mestre dos filmes de suspense Alfred Hitchcock e baseado num conto homônimo da escritora britânica Daphne Du Maurieur: Os Pássaros. O filme foi indicado ao Oscar em 1964 na categoria de melhores efeitos visuais, venceu o Globo de Ouro na categoria de atriz mais promissora pela atuação de Tippi Hedren (um achado do diretor) e foi indicado ao Prêmio Edgar (Edgar Allan Poe Awards) na categoria de melhor filme. Três de grandes premiações cinematográficas.

Logo nos primeiros minutos nos deparamos com Melanie, uma rica e elegante mulher de São Francisco que adora se divertir, se dirigindo a um pet shop (momentos antes de ela entrar podemos ver Hitchcock deixando a loja acompanhado por seus cães em seu costume de sempre aparecer em seus filmes). O ambiente descontraído, cheio de animais e cores ganha, então, uma nova figura: Mitch Brenner um advogado sério e reservado que, ao virar o jogo na brincadeira de Melanie, acaba chamando sua atenção. Aliás, essa cena inicial foi uma das minhas preferidas, o equilíbrio da seriedade de um e da brincadeira de outra, e o ritmo e a conversa em si. Até então, o filme poderia se passar por um daqueles romances cômicos, onde o casal principal passa o filme inteiro flertando e discutindo para se ajeitar apenas no final. Bem, é sua decisão de surpreender o homem no final de indo até Bodega Bay onde ele se encontra que muda o rumo de sua história.

Hitchcock não nos assusta de uma vez, colocando um monte de pássaros para cima dos personagens. O perigo dá sinal e aos poucos percebemos que tem algo errado. Uma ocorrência estranha aqui e outra ali, e todas envolvendo pássaros. Mesmo assim, não parece ser nada preocupante.

Devo dizer que considero o diretor um artista. Hitchcock sabe como induzir o suspense e o terror nas situações que poderiam ser banais e tolas. Sem contar as inovações que ele trouxe com o filme, em questão de efeito visual e até mesmo trilha sonora – ou a falta dela no caso. É claro que, comparando com filmes recentes e o nosso próprio olhar mais treinado acostumado com CG, Os Pássaros possuem uma edição bem mais antiga, mas pra época, foi uma diferença e tanto, abrindo caminho pra termos a qualidade que temos hoje.

Os aumentos do suspense e das complicações durante o filme culminam em algum momento numa ‘grande explosão’. De pequenos acidentes com pássaros, a coisa toma uma magnitude bem maior. O filme não é sobre fantasmas ou assassinos seriais, nada do tipo, e sim de uma ameaça que ninguém suporia. Há pássaros espalhados pelo mundo todo, imagine se de repente eles começacem a agir como no filme, o caos que tomaria? Não é algo que podemos prever ou imaginar, daí que vem o medo ou a tensão no filme.

Aponto duas cenas interessantíssimas e que fazem parte das minhas favoritas no filme, além da inicial. A famosa cena da escola, onde Melanie vai buscar a irmã de Mitch e se senta no banco esperando a aula terminar. Ela não sabe, mas atrás dela, no parquinho, corvo atrás de corvo começa a aparecer. Temos a consciência de que algo grande está para vir, que ela deveria sair dali, mas Melanie continua fumando ignorante ao perigo atrás dela. Outra cena é uma um tanto quanto monótona, mas que adorei a coreografia das personagens. Melanie vai até um restaurante para ligar para o pai e lá começa a discutir sobre o que está acontecendo na cidade com uma ornitóloga (alguém que estuda pássaros) descrente. A cena é cheia de falas e cansativa, mas gostei dela por que, por haver muitas pessoas em um restaurante, mesmo que ouvindo a conversa, elas não param de fazer suas coisas e conversar entre si, sem a artificialidade de figurantes.

É o segundo filme do Hithcock que assisto e gostei de ambos, mas mesmo assim não é meu preferido, embora indique a vocês. Os Pássaros entra na categoria de A Mulher de Preto, o terror/suspense clássico, sem entranhas saindo pra fora ou algo do tipo. Não estou dizendo que não há sangue, é um ataque de pássaros, há, mas não aquele banho de violência e horror que vemos nos filmes atuais.

Resenha desenvolvida por Maria Salles.